Dar um tempo ou enfrentar?

Entre dar um tempo e procurar ajuda é como entrar na água antes de saber nadar. Não é bom nem para a reconciliação, nem para a separação.

Entre dar um tempo e procurar ajuda vai a distância entre o fim do relacionamento e a melhoria do mesmo ou entre uma má separação com cicatrizes por vezes profundas em várias pessoas, principalmente em crianças, e uma separação estruturada e apoiada. O afastamento nunca é a solução, é apenas virar as costas a um problema em vez do enfrentar. Enfrentar em conjunto com as mesmas ferramentas, com a mesma vontade e com a mesma determinação um do outro. Quando isso acontece a melhoria acontece duma forma natural.

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Dar um tempo é achar que o problema se vai resolver por si só, que já foi feito tudo o que podia ser feito e já não há mais nada a fazer a não ser o afastamento temporário. Como isso é falso! Como se “o tudo” que foi feito se resumisse a 3 ou 4 coisas! E as outras 100 coisas que podem ser feitas e não foram feitas? As pessoas nem sabem que existem imensas coisas que podem ser feitas antes do fim…Antes de dar um tempo. O não saber que não se sabe é o primeiro passo para o conhecimento, é a partida para aprender.

Procurar ajuda em alguém, na leitura, em workshops, em palestras, em filmes ou audiobooks, tem mais impacto na resolução do problema do que dar um tempo. Custa mais, pois dá mais trabalho e trabalho nem sempre é o que as pessoas querem ter.

Querem resolver os problemas mas sem terem de dedicar muito tempo, nem terem muito trabalho. É como se para se reconstruir uma ponte que apresenta sinais de ruína iminente fosse apenas colocado um remendo, como uns parafusos, ou mais um pouco de cimento, sem se ter o trabalho de ver as fundações, os pilares, as estruturas, materiais, técnicas necessárias, etc.

Um relacionamento em risco, precisa de trabalho. Mas não tanto trabalho como uma nova relação. Um novo relacionamento precisa de mais trabalho.

Um relacionamento em risco significa que ambos tem vindo a fazer mais coisas erradas do que coisas certas há algum tempo, por vezes há anos e no entanto as pessoas esperam, utopicamente, refazer as coisas em alguns dias. Não vai acontecer. E não é a virar as costas e a dar um tempo que as coisas vão melhorar.

Enfrentar o problema e assumir que é complexo e que com ajuda é mais fácil é a melhor opção. Que enquanto casal e no momento que vivem não possuem as ferramentas necessárias para fazer face ao que estão a atravessar e podem trazer muito sofrimento e marcas irreversíveis para outros, nomeadamente para crianças quando as há.

Porque pior do que magoar as crianças com um divórcio é achar-se que se fez de tudo e que não deu certo.

Mesmo que com a ajuda se chegue à conclusão que a melhor coisa é a separação, essa mesma separação pode ser acompanhada e apoiada para que o processo seja o menos doloroso possível para todos os envolvidos.

Procurar ajuda nunca é um ato de fraqueza, é sempre um ato de inteligência.

Nunca ninguém faz tudo, há sempre mais um pouco para fazer… Sempre!

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